28/10/10

Gaivota

Adoro a praia à luz do luar.
A noite está à nossa espera, já viste o brilho da lua?
Não se deviam perder estas oportunidades...
Queres ir apreciar o abraço das ondas à areia indefesa?
Ontem elas abraçavam-na num aperto tão aconchegante que era visível
o amor reflectido nas conchas cristalinas.
As algas escreviam poemas na espuma branca do rebentar das ondas,
as estrelas do mar deixavam-se hipnotizar pela lua,
o nevoeiro cerrado chorava a nossa ausência.
Ontem é passado, mas hoje é presente,
ainda vamos a tempo da beleza poética do momento.


imagem da net

24/10/10

Sonhar

Deixa esta terra em que nos obrigam ao que não somos.
Vem, no preciso momento em que o sol beija o mar, num entrelaçar de asas,
como comunhão entre céu e mar.
Sonhemos...
Vamos voar!

21/10/10

brisa da maré...


Ainda a manhã esfregava os olhos sonolenta, a menina levantou-se percorreu, em passos decididos, os poucos metros que a separavam da janela abrindo-a, de par em par.
Este era o gesto diário que talvez mais prazer lhe dava.
O sol, preparando-se para enfrentar um novo dia entrava pela janela, enchendo de brilho uma nesga do chão, como que envergonhado de entrar, vindo beijar os seus pés.
Mas aquela não era uma manhã como as outras, pensou, mal abriu a janela.
A manhã acordara tristonha e o sol não sorria nem lhe veio beijar os pés. Debruçou-se perscrutando o horizonte à procura do acontecimento que provocara tal manifestação de tristeza ao sol e à manhã.
O seu amigo verdilhão que costumava cantar na janela, não cantou, o pintassilgo que saltitando na nespereira chilreava, estava calado. Havia um silêncio invulgar naquela manhã em toda a natureza...
Olhando para o manto azul imenso que se estendia à sua frente, reparou que faltava lá a figura.
Aquela presença tão constante destacando-se em contra-luz na linha do horizonte, entre o céu e o mar, sempre em movimentos nervosos e inquietos que lhe fazia lembrar uma pena, em revolteio levada pela dança do vento, talvez asa esvoaçante, talvez anjo vindo do céu para nos alegrar o olhar, faltava.
Naquela manhã, não lhe poderia acenar como habitualmente, ainda que ele de costas, não visse o aceno.
- Que teria acontecido, interrogou-se a menina, falando com os seus amigos pássaros?
- Deve ter ido na asa de alguma gaivota, responderam os amigos.
- Esperemos então que volte depressa, com a brisa da maré, respondeu a menina, pois se assim não for o azul escurecerá, o sol criará pétalas de esmeraldas nos seus olhos, que taparão o brilho do olhar, a areia nunca mais vai ser doirada, e vocês amigos, não tornarão a cantar.
Voltará na brisa da maré?...



foto: da net.



05/10/10

Deixa-me ser o que sou

Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui,
um rio que vai fluindo...
Em vão, em minhas margens
cantarão as horas
Me recamarei de estrelas
como um manto real
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão a mim as crianças banhar-se... Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar,
 cantar...
Toda a tristeza dos rios
É não poder parar!


Mário Quintana

Agradeço à amiga que me presenteou este poema, sabendo como admiro o autor!