28/12/06


Fui trilho, passo, sulco na areia...
Sou caminho, rumo que traço, meta que faço...
Sonho ser destino, em mil passos picotado,
Por infinitas linhas desenhado, pelo azul do mar colorido e,
por ti... vida, ser amado, ser fado, desejado, querido.
Foto de R.

22/12/06

aos amigos...


A cada dia, a cada hora,
a cada um dos amigos que por aqui me têm dado o prazer da sua companhia,
transformada em palavras
ou apenas em silêncios...
deixo o meu mar e a sua luz
num abraço prolongado e alongado
como a onda que enlaça ternamente...
que a todo o tempo, o olhar seduz.
Festas Felizes!

18/12/06

Ser...


Ser boneca de trapos, de mil rabiscos,
de vis farrapos...
Ser homem senhor, do infinito louvor,

da nobre cor...
Antes ser trapo sorriso nas mãos de uma criança...
Que parecer manto seda aos ombros do nada,
Vazio de esperança...

13/12/06

abstrações...


Caminho distraida pela praia...
olhando o chumbo e prata, reflexo de um dia sem sol.....
ouço ao longe o piar das aves....
a espuma das ondas lentamente vem beijar-me os pés,
levando consigo a marca das pegadas...

10/12/06

Conto de Natal


Ela olhava pela vidraça a chuva fustigando a Natureza.
Aquele som familiar fê-la transportar muitos anos atrás quando tudo era mais simples, ou talvez não. A simplicidade estava no facto de que ela era a criança. A noite de todas as magias em que o sono se recusava a vir pela excitação dos presentes. Parcos e pobres resumindo-se a um par de soquetes alvos como a neve que cobria os campos... nos anos melhores acompanhavam-nos uns figos secos e uns rebuçados, luxo a que nem sempre tinham direito, mas a magia... Ah a magia daquela noite especial...
Uma rajada de vento mais forte fê-la voltar à realidade. Olhou de novo a Natureza que se havia já despido das suas maravilhosas folhas verdes, varridas pelos ventos. Algumas árvores conservavam ainda as suas cores avermelhadas ou douradas transformando tudo num festival de colorido e matizes diferentes. Uma festa para o olhar. As primeiras chuvas tinham dado lugar ao frio e tudo começava a vestir-se com um manto branco, qe realçava os contrastes do que ficava à vista. Uma época de recolhimento. Aproximava-se o Natal. Mais um, como tantos outros. E ela tinha um problema para resolver...Sentia-se nua, como as árvores.
No apartamento minúsculo a falta de recursos sentava-se todos os dias à mesa com a sua família.
O Pai Natal vestido de desemprego tinha escolhido o seu lar para fazer a sua visita...
Teria que gerir os escassos recursos, ela a mãe, (porque a ela calhava sempre a árdua tarefa de fazer o “milagre” da mutiplicação do tão pouco quase nada). A sua angústia era como daria uma prenda ao seu filho de dois anos? Não que ela achasse que o natal é isso, mas porque assim foi tranformado e as crianças vivem as prendas com a magia que lhes é tão comum. Ela sabia, oh se sabia...
Ao menino interessava apenas que houvesse uma árvore e prendinhas, pequenos pedaços de papel colorido envoltos em fitinhas de várias cores, o que, transforma o olhar de qualquer criança de dois anos, em estrelinhas brilhantes.
Então teve uma ideia. Iria chamar o menino, explicando-lhe em palavras simples que nesse Natal tinham um problema que queria partilhar com ele.
Se bem o pensou melhor o fez e chamando o menino disse-lhe:
- Filho, acho que este ano está difícil ter dinheiro para as prendinhas
O menino entristeceu por uns momentos mas logo a seguir disse:
- Mas eu só queria prendinhas debaixo da árvore!...
Olha já sei mãe, - continuou o menino com os olhos brilhando – fazemos assim: embrulhamos os carrinhos e fazemos prendinhas que ficam aqui debaixo a enfeitar a árvore. Pode ser mãe? Ajudas-me? Anda vamos os dois.
E lá começaram ambos a embrulhar os carrinhos já usados, uns livrinhos e alguns bonecos, transformando-os em belas e coloridas prendas.
E que lindas ficavam debaixo da árvore onde as luzinhas piscando ainda realçavam mais a sua beleza e cor.
Como o menino gostava de ficar ali sentado a admirar as prendinhas...
E chegou a noite de todas as magias... o menino mal podia esperar que a hora de abrir as prendas chegasse... constantemente perguntava se já eram horas. E ela chegou! O menino abria, ajudado pela mãe, as suas lindas e coloridas prendas, com os olhos a brilhar de surpresa, os pequenos embrulhos, com a alegria da descoberta, como se não soubesse de antemão o que iria encontrar.
A mãe, vendo o menino e a sua alegria, deixou escorrer uma lágrima marcando na sua lembrança que as necessidades são criadas pelos adultos tornando as crianças, quantas vezes, infelizes...


foto mil imagens


Este conto é publicado no âmbito do seguinte desafio:
Hoje, pelas 21 horas de Portugal e 19 do Brasil, terá inicio a 5ª edição dos desafios de criação de Contos, numa iniciativa do Canto de Contos. O mote é o tema de Natal. Podem ver os concorrentes no link do Canto dos Contos.

07/12/06

partilhando...


Falo da terra que penetra no mar
Fecundando-o com sementes do meu sonhar...
Espada, lança de guerra,
Pelas ondas forjada
Ao horizonte apontada...
Caminho que até ao mar se estende...
Fazendo da praia ponto de partida para uma demanda
Que só o sonho entende...


Porque a partilha é o melhor da vida...cá está!

05/12/06

palavras à solta...4


Do Gostar

Os beijos que damos
Os que gostaríamos de ter dado
tão doces
tão meus
tão nossos
retribuo-os
na partilha doce

e eu guardo-os
na cumplicidade saudável
na liberdade de pensamento
e em cada um... derreto a minha ternura em ti
deixo marca minha marca

indelével
mas que permanece
que resiste
para além do estar
para além do ser
não sofre erosão
não se decompõe
é orgânico
mas não se deteriora
apenas... marca!
marca e fica
assim como tu fizeste em mim
e vinca
marcaste-me e ficaste
permaneceste
vincaste-me
fizeste de mim folha escrita
folha alva
que se abre ao vento como vela de veleiro
com entrelinhas de azul
que esvoaça cruzando os mares
fundindo nas estrelas
brilhando mais do que elas...
abro o meu abraço
a ti minha estrela polar
abro meu abraço
e te enlaço...
e assim de braços abertos
sou vela que cativa o vento
e o transforma em força
sou vela que o ampara
em navegar
sou rocha
sou... espuma, apenas!
e eu sou mar teu
teu jardim, minha flor
teu céu, minha estrela
teu mundo, meu sorriso
lindo tu que vês a beleza
linda tu que a compreendes
que a cantas em palavras de luz e cor
em notas de uma melodia..
dedilhadas nas teclas de um piano...


foto de olhares

30/11/06

e...a magia acontece


Alcochete
O ponto
O encontro
O contentamento...
logo abaixo do lindo tejo
sim, passeio na sua margem e espraio o olhar
vejo do outro lado a cidade grande onde tudo acontece
tao lindo...
caminha comigo ao lado dele
sentes como ele traz o sabor das gentes
das terras por onde passa?
e os cheiros da maresia
dos montes que cruzou?
Adoro-o
e os sons dos pássaros ao entardecer
esse cheiro intenso
mar feito perfume
e o sol despedindo-se
beijando-o as suas águas lentamente...
naquele brilho reflectido na água
adormece assim
em mim
num entardecer
sossegadamente adormecendo
no silêncio do rio.. que chama pelo mar
apreciando as suas marés vazias
gravo a tua expressão serena em mim
os barcos partindo para a faina da pesca,
chegando com o fruto do seu trabalho
num vaivém sem fim...
e neste remanso
neste descanso
neste encantamento
abro os meu braços
num fraterno abraço
e acolho
o círculo do tempo,
e do sentimento
que se espraia
olhar ao vento...


foto do círculo...:)

25/11/06

palavras à solta...3



Da Entrega

Cada quadro que pintamos com as nossas palavras...
tem nossos nomes tatuados
não apenas os nomes
mas o nosso sentir
os sonhos
os sabores
a nossa essência
sim, bonito pelo sentir e pelo sentido
pela côr e pelo sabor
pela liberdade
pela espontaneidade
sim e só assim vale
e só assim é forte
porque só assim faz sentido
sozinhos não somos ninguém
amo o valor da partilha
sozinhos não somos ninguém, é verdade

só escrevo assim, porque estás aí
ou muito pouco somos
porque somos alguém
recuso ser ilha
e cada um de nós tem um valor próprio
e sozinho não consigo construir pontes
podes ser ilha com uma palmeira
nem estradas
nem nada
apenas ideias
a palmeira dá fruto sem que eu possa alterar o seu sabor
não podes, mas podes pensar, sonhar...
a partilha faz o sorriso do outro ter a nossa côr
ter o nosso sabor
sorrir juntos altera a qualidade do sorriso
e faz o sol brilhar mais
num brilho maior que a soma das partes
num carinho de cuidar, do tamanho do mar
do tamanho do a-mar
do infinito olhar
em cada sol que se põe, em cada lua que se ergue...

estou muito feliz por te encontrar
em cada encontro a vida oferece-nos uma prenda
faço um colar de flores
teu
porque não estou sozinho nesta ilha
não estás, estou aqui eu
flores e búzios
terra e mar
nos seus frutos
a natureza da nossa essência
aquilo que somos
acendo uma fogueira
apenas para alumiar a noite
ouves o estalar da madeira
o crepitar do fogo fulvo e rubro
misturado com o susurro do mar
a luz trémula da fogueira, faz dançar o nosso mundo
ao sabor da brisa
tremeluzindo
tudo ao redor dançando
sim
num embalo doce
uma dança estranha, mas tão suave
tao sensual
que embala os sentidos e convida ao adormecimento
peço a tua mão
que entrelaço na minha
e beijo a tua palma
e escutamos em silêncio o ruído do mar e do vento
como que beijando cada caminho teu
um silêncio que fala
um nada que é tanto
um infinito tão mensurável
olhos brilhantes do reflexo da fogueira
lindos
que tanto dizem calados
olhos de luar
olhos de sonho
cabelos teus que se elevam docemente
pela brisa
é o mar.. a querer enlaçar-se em ti
e que deixam espreitar os teus
que sentes com tua mão
querendo entrelaçarem-se neles
que fazes fluir entre teus dedos
bailando, eles também, felizes
colo a minha face à tua
eu também
e assim.. da mesma perspectiva.. ver o horizonte
que se nos abre
pleno
que se revela
magestoso
brilhante
salpicado de pequeninas estrelas
que se estende ao longo do recorte do mar
cintilantes
o meu céu é o teu olhar
e teus olhos.. as únicas estrelas que necessito para me guiar
e o meu olhar é o teu céu
o azul do teu céu.. ama o azul do meu mar
onde nos deleitamos, nos entregamos
e felizes, como duas crianças, brincamos
na areia
areia pura e fina
no mar que numa onda se faz cúmplice da nossa alegria
areia que nos cobre a pele
nos aquece
nos estremece
humedeço a minha mão
nos diverte
e com a pontinha do meu dedo
contorno o teu rosto
se nos cola como pele
numa benção
em que digo: T do mar
eu me encontro em mim
me encontro em ti
abraço-te
susurrando baixinho que sou a tua pele
que me visto de ti
e juntos, nos entregamos ao mar...
nas cores que és.. na protecção que dás
deixamos que o mar nos beije
a ambos como um só
estendo os braços
deitas-te sobres eles
e ficas assim...
embalada pelo mar
e neles encontro consolo
na segurança do meus braços
a tua pele brilha
tão bonita
com sabor a mar
olho-te
olho-te
e na tua serenidade.. encontro o meu bem-estar

e no meu olhar encontras a tua paz
fechas teus olhos
aproximo a minha face da tua
e sondo-te num beijo ternurento
fazendo dos meus lábios os dedos da minha alma

que sabe a maresia e a mel
que reconhecem cada bocadinho de ti
que sabe a algas
beijo-te com a ternura do sol
beijo-te com a ternura do mar
no beijo ao mar quando se põe
com a harmonia do sol quando acorda
sinto na tua boca, o ondular
do mar
o sabor a maresia
e mais não somos do que pedaços de mar e sol
na alegria inebriante do renascer
que se fazem cúmplices
a cada manhã acordar

a minha manhã é candosa
abrir os olhos ao dia e sorrir
se a teu lado.. despertar
porque ambos sabemos como é bom lado a lado caminhar
anda, vamos
anda, vamos! Vamos experimentar!

foto de olhares

23/11/06


Ainda que seja moinho sem vela, pintor sem tela...
mó sem fulgor, pincel sem cor...
Saberei sempre ser braço que do vento faz regaço...
e que do azul do mar faz traço...
Pois se o mar é alma que da inquietude faz calma...
a areia é pó, tristeza desfeita pelo meu coração, minha mó.

22/11/06

desafios e manias


Fui desafiada pelo amigo Kaos e porque nunca viro as costas aos amigos, cá estou!
Sobre o regulamento, para quem o quiser, ele está lá no blog do
kaos, poderá ser facilmente consultado. Aproveitam e visitam o jardim. Vale a pena!
Desafios são os da vida e esses, encaro-os de frente e sem medos,

enfrento-os! Será essa a minha mania?
Acho que sim e por isso aqui te deixo uma das minhas maiores manias. Enfrentar os desafios e deixar de parte as manias, pois que estas são um entrave para o desenvolvimento daqueles.
Como não sou cusca não vou passar a corrente, que ainda choveu pouco e o rio leva pouca água... :)

Beijinhos sem manias nenhumas.

20/11/06

A palavra aos autores...



No Sábado, dia 25 de Novembro de 2006, pelas 21.30 horas, terá lugar o lançamento do livro “Ecos”, no Bar Onda Jazz, junto ao Campo das Cebolas, em Lisboa.

A autora, Piedade Araújo Sol, publicou os seus trabalhos nas revistas Encontro, Máxima e em vários jornais, abrangendo poesia, prosa, contos e artigos de opinião. A sua poesia é de índole simplista, mas reflexiva; chegando a ser dramática. Predomina o enternecimento e a tendência para o oculto e para o desconhecido imaginário.

Todos somos poucos para apoiar os escritores portugueses que se destacam na defesa do enriquecimento da nossa língua.

16/11/06

cantiga ao mar


Que força estranha é esta que nos move?
que nos impele
que não é caracterizável
que nos faz sentir tanto
nao está catalogada pelos homens
mas...que me faz sentir tão em ti, tão tua
que me transporta
como eu te sinto em mim
Ah não te quero deixar não
fica comigo assim
esqueçamos tudo o mais
mundo nosso
ai pedacinho de mim
meu poema
meu mar e meu sol
meu encanto e meu sorriso
meu brilho
minha luz que me faz ser côr
onde me abrigo
meu calor
meu ardor de carinho
minha brisa suave
abraço-te
e percorro teu caminho
como eu sou tua...
porque te quero, te desejo, muito
queria ser o teu respirar
queria ser a peça que utilizas para trabalhar
juntinho a mim
queria ser hino
queria ser ar,

luz e movimento
queria ter asas e voar
até ti…
para que de mim fizesses tua

e de ti
fizesse meu…

09/11/06

tranquilidade...



Porque te amo assim...
neste sentir tranquilo...

Como amo o mar, o pássaro a voar, a flor, a vida....
é tão bom este sentir...

é tão bom este nosso partilhar...

foto oferecida

07/11/06

alguém/ninguém


Gosto da palavra alguém,
o seu significado, a sua sabedoria...
Se eu fosse alguém, escrevia
Se eu fosse alguém, fazia
Se eu fosse alguém sabia
Se eu fosse alguém veria

Mas...
Sou ninguém
E como tal,
Apenas brinco...
Retirando do saquinho as letrinhas
Que vou agrupando
Juntando
Unindo
Formando um puzzle
Que vos vou mostrando
A vós
Que tanto estimo
Todos vós
Os que por aqui vão estando
E comigo, também brincando...


imagem da net

04/11/06


Olha nós!
Em harmonia entre os demais!
Sempre alegria, sempre mais...
Cresce a meu lado... sê meu fado...
Entrelaça em mim tuas raizes,

bebe da terra comigo!
Somos felizes!
Segue comigo o sol até ao mar...
Carinho de mim, meu luar...!


foto de mão amiga

01/11/06

palavras à solta...2



palavras que saem a 2 vozes...

DO Mar

como o mar...
que encontra em cada praia
um novo mundo...
amo o mar...
em ondas que abraçam a areia
amo-o tambem...
e em que o nosso olhar se perde
e os sentidos se inebriam
um mar que se faz espuma branca
como um brinde eterno ao nosso olhar

batendo na areia
mar que se imola nas rochas...
ou desfazendo-se como bolinhas efémeres
para que possa ser gota que viaja no vento e no tempo...
de luz e brilho
até à nossa face
salpicando-a de sal
dando sabor à nossa pele
temperando o nosso olhar
o nosso sonhar
sussurrando baixinho
numa voz, serena como a foz

e voando, nas asas do vento
onde a calma do rio alimenta a força do mar
murmurado ao ouvido
e onde nos deixamos levar...

um murmúrio que arrepia de tâo doce
que faz de ambos um só sentir...
que inebria, que percorre um frémito
um só sentido
no caminhar... e no sentir

e no gostar
e no amar
e no ver no teu olhar... o maior mar...


foto de olhares

30/10/06

palavras à solta...1


palavras que saem a 2 vozes...

DA Partilha

o sentido de humor é parte integrante duma inteligência criativa
e duma sensibilidade madura.
nao desenhamos letras..
apenas as colamos umas às outras

só quem tem sensibilidade e maturidade para as ver, as vê
só quem sabe ler
mas desenhamos ideias e isso é fantástico
em sintaxe e semântica
fazemos do traço um caminho cúmplice com um pensamento
semeamos palavras em papel

para que floresçam
saudáveis e ricas
em ideias
em perfumes
em cor
a arte de sentir os sentidos
sublimada..
quando a conseguimos transmitir
quando a dotamos de asas que fazem das ideias livres

bem...estou a apreciar deliciada...
comunicar é o mais exigente dos desafios
porque exige nao só saber transmitir, como tambem saber ouvir
escutar
apreender
assimilar
poder dia a dia saborear este escutar
este sentir
é fantástico
e afasta para longe o fantasma da monotonia
porque mais importante que saber todas as cores..
é saber ver em cada uma um significado diferente
uma mensagem nova

és um poeta, afinal
um poeta amante das letras
tu a musa que me inspira
humm
os poetas gostam de prender as palavras em rimas
eu gosto da liberdade

não é desses poetas que falo
falo da poesia em liberdade onde as palavras
são como pequenos pássaros em bando pelos céus libertos
nao gosto de monologos
adoro a escrita partilhada
assim, como estamos a fazer

e eu
palavras que se adequam às tuas
palavras que se fundem nas frases que escrevemos
que encontram no fim da tua frase o início da minha
e vice-versa
a partilha muda tudo
porque é em si a essência da comunicação

a partilha altera o valor
a essência
a partilha é o melhor da vida
não apenas nas palavras
a partilha dá um destino certo à palavra
e ao mesmo tempo deixa-a livre para poder voar
endereça as ideias
sim
porque encontram no outro.. terreno fértil
onde cresce sem tempo
onde amadurece no momento

onde as letrinhas se agrupam
rodopiam
letras que dão as mãos
volteiam e formam as palavras
palavras que se abraçam
que se entrelaçam
e se transformam
num laço que não prende
mas que estende..

mas entende...
que abre horizontes
que se espraia
se ilumina
e se solta!
como o mar...


foto de olhares

28/10/06

de ti para mim...


Adoro-te minha flor rara,
meu jardim, onde semeio meus sonhos,

meu mar onde me faço onda,
meu mundo onde me faço homem,
meu céu onde escrevo: sou teu...

de mim para ti...

24/10/06

silêncios de diálogo...



Gosto de me sentar na minha pedra mágica,
amiga,
e ouvir o silêncio de uma noite estrelada,
da madrugada,
onde todos os ruídos são abafados, comidos, calados...
o silêncio da vida
não o da morte...
esse outro silêncio não quero
não suporto
aquele que levanta o muro à nossa volta
e dos vivos, transforma em mortos...
que arranca pedaços do coração
coloca lágrimas na minha voz, no meu olhar
me tapa o sol
me afoga o mar...


foto: www.olhares.com

23/10/06

desabafos...


Entrego-me a ti que me entendes,
me escutas,
me consolas,
me embalas nas tuas ondas.
Elas lavam (levam) as minhas mágoas,
afagam e afogam o meu lamento,
a ti ó mar, a ti ó vento,
entrego esta tristeza que me inunda o peito,
me sufoca
me desfoca o olhar
me prende o pensamento

me impede de voar...

foto: 1000 imagens

20/10/06

quotidianos...


Não gosto de ir às compras. Sei que acham estranho porque as mulheres são conhecidas pelo seu fascínio pelas compras. Não gostaria de desiludir ninguém mas a verdade é que não gosto de ir às compras!
Mas nesta vida fazemos muitas vezes também o que não gostamos. As compras é uma dessas, para mim. E como tem que ser, tento fazê-lo transformando esse momento no melhor e mais agradável possível, aproveitando para, em simultâneo, apreciar as pessoas, isso sim, coisa de que gosto e onde ali é um local privilegiado.

O supermercado que fica perto da minha casa, tem à entrada, no corredor interior, uma das maiores invenções para dar dinheiro, pois que vocacionada para as crianças – os animais de meter a moeda – neste caso um cavalinho.
Avô quero ir para o cavalinho, - ouvi a certa altura.
- Não pode ser que não tenho moeda – respondeu o avô
- Não faz mal, mesmo sem moeda – retorquiu a criança
Esta pequena troca de palavras despertou a minha atenção ficando a aguardar que o avô satisfizesse um pedido tão simples.
Eu e a criança, ambas pendentes, suspensas da decisão do avô.
A criança repetiu várias vezes o pedido e a resposta do avô foi sempre a mesma.
Foi a minha vez de intervir.
Peguei na pequena ao colo e coloquei-a em cima do cavalinho, dizendo-lhe que depois pedisse ao avô para que a descesse.
- Sei descer sozinha - respondeu ela de olhos brilhantes sorrindo para mim como o sol numa manhã radiosa de verão, ao conseguir realizar o seu pequeno/grande sonho – andar em cima do cavalinho, ainda que sem moeda...

Porque será tão difícil que os adultos entendam como é tão fácil fazer sorrir uma criança?...



foto: www.olhares.com

18/10/06

como a natureza...



Olhando a água correndo,
escutando o seu cantar
contornando os obstáculos
como mestre da vida, ensinando!...


foto: 1000 imagens

11/10/06

recordando...


Como se fosse um beijo....
encosto a cabeça na areia...e escuto o murmúrio da tua voz vinda do mar!
As ondas são o manto com que te e me afago e,

bem juntinhos, ficamos suspensos a ouvir os sons do oceano...

...tanto tempo...
O silêncio é tão denso, tão doloroso, tão intenso, tão sentido!
tão cheio de vazio
este
porque o outro, é tão o oposto....


imagem trazida do Kafe

08/10/06

olhares...3


Olhei para ti
senti-te
pele macia e aveludada
tuas pétalas entrelaçadas
nesse caule delicado
cálice onde as abelhas vêm receber teu polén
seu alimento
nessas verdes folhas onde botões se abrem...
escondidos os espinhos
esses da vida que nos ensinas a olhar e a delicadamente cortar
quebrar
contornar
saltar
ou
simplesmente ignorar
para no final
colher
recolher
mimar
tactear
esse cetim aveludado
numa multiplicidade de sentires
aromas
cores...


Foto: oferta amiga

29/09/06

amanhecer


A cada manhã canto a beleza do sol
canto a alegria da vida
canto a natureza que me envolve
canto a amizade que me aquece
canto a alegria
sim canto...
canto o amor
canto
e comigo canta a gaivota
porque havemos de cantar a tristeza
as agruras
os desamores
o desânimo
as noites sem lua nem estrelas
mesmo que os homens se matem
se mutilem
eu canto
a vida!
ela que é tão pura
tão amiga
tão pródiga
são os homens que a fazem ser de outra maneira
que a desprezam
que a desiludem
que a desaproveitam
perdidos nos labirintos do seu próprio egoísmo, miopia
desamores
ganância
guerras, guerrinhas
sim eu canto a alegria
porque quero!

28/09/06

O prazer de ler em português



Capa do livro

Porque é sempre um prazer divulgar
quem privilegia a nossa língua...

Pedro Ventura é o amigo Sá Morais com o seu
ideias fixas 2
Não faltem!

26/09/06

percursos...


Abraço a luz da vida enquanto a cera arde.
depois...
tudo tem o seu fim,
como as velas...

foto de olhares

22/09/06

etiquetas...


Quando nascemos colocam-nos rótulos
que querem nos acompanhem até à morte...
Ainda bem que há quem se proponha escapar!...


foto: www.olhares.com

17/09/06

31/08/06

pausa...



Temos que descansar temporariamente de nós,
olhando-nos de longe e de cima e, de uma distância artística,
rindo sobre nós ou chorando sobre nós:
temos de descobrir o herói,
assim como o parvo, que reside em nossa paixão pelo conhecimento,
temos de alegrar-nos uma vez por outra com a nossa tolice,
para podermos continuar alegres com a nossa sabedoria.”


{“Friedrich Wilhelm Nietzsche - *1844-1900* “}

Amigos,
é o que vou fazer, mas já volto.
Enquanto isso, o meu muito obrigada a todos o que visitam este humilde espaço. Ele é uma forma de partilhar convosco algumas linhas que vão criando forma aqui dentro do meu ser e que deixo à vossa consideração.

É bom fazer parte desta "família".
Até breve!
Beijinhos da
tb

Foto gentilmente oferecida por um amigo

29/08/06

certezas...


A natureza ensina-nos a saber olhar...
Nem sempre as certezas adquiridas o são realmente...

20/08/06

mundos paralelos...



... e como a delicada e aveludada flor espalharemos os néctares e faremos a vida acontecer...

15/08/06

realidade e fantasia


Hoje apetece-me deitar na minha pedra
abraçar o mundo,
elevar o coração ficando em silêncio com a natureza fazendo parte dela.
Esquecer a realidade, as guerras, os homens que se matam, se maltratam
as crianças que choram
a natureza que arde
as mãos que nasceram para o amor, mas se esqueceram...

foto:www.olhares.com

10/08/06


Ouço o vento que suavemente vem cantar na minha janela
e me traz o eco da tua voz calma e amiga.
Ele transporta a tua mão e docemente me acaricia a face.
Aceito e devolvo nas asas do vento a minha carícia para ti...
porque és especial e porque quero ficar no teu colo assim...
como a brisa suave e sem pressas...


foto: 1000 imagens

08/08/06

como eu...



Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais:
o excesso de gente impede de ver as pessoas...

Mário Quintana

01/08/06

caminhando...


Trilhando o caminho de mãos dadas como o sol e o seu reflexo
com todos os que queiram uma mão amiga, mesmo que amiga virtual...
em crescendo, até ao final...

(dedicada ao amigo que hoje é aniversariante)

28/07/06

esperança...


que a luz se faça a cada manhã abrindo os olhos da humanidade ...

foto: 1000 imagens

24/07/06

madrugadas


Como a cada manhã, hoje espero por ti
Sento-me por debaixo da janela
Esta onde gostas de pousar
E onde ficas admirando o que escrevo, cantando para mim
Sinto-me inquieta porque ainda não chegaste
Será que hoje madruguei, ou foste tu que te atrasaste?
Espero por ti…

foto oferecida

20/07/06



Amor sem tempo nem pressas onde a alma se mistura em amenas conversas...

início de caminho de alma e corpo partilhados...

15/07/06

amar


Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.

(Mário Quintana)

foto: 1000 imagens

13/07/06

para ti...



Tu meu filho que amo.
Que me escolheste para ser tua mãe, tua guia, tua amiga, tua mestra...
Tu, meu filho que me ensinaste a ser tudo isso,

quando me olhavas com esses olhos pretos e profundos adornados de longas pestanas e compreendias tudo aquilo que te podia transmitir,
e tudo o que tu próprio ias adivinhando...
Tu, meu filho que foste a recompensa maior de tudo o que de menos bom e mais sofrimento a vida me ofereceu!
Tu, meu filho a quem dei asas e ensinei a voar...e a quem maravilhada contemplo a fazer uso delas....a ti, meu grande amor, dedico estas pobres linhas.

Pobres porque quereria saber ter a arte de te cantar como os poetas, ser capaz de usar estas letrinhas agrupadas da melhor forma para poder dizer tudo o que sinto, mas como sou apenas uma pessoa simples e desprovida de qualquer arte, aqui te deixo a singeleza do meu amor, numa das fases menos boas porque estou a passar e que tu tão bem conheces, como tudo o que sou.
Saibas tu, hoje e sempre que te adoro incondicionalmente!!

a ti...
Para ti eu criarei um dia puro....
um tempo em que tudo acontecerá
um tempo em que serás tudo.....
um tempo em que serás capaz...
um tempo livre onde fluirás como o florir das ondas desordenadas...
para ti....meu querido, apenas a limpidez das águas!


A Mãe

foto que tinha aqui

sonho...


...e saltitando sinto a brisa que me afaga...
como pássaros brincámos em alegres chilreadas
descendo a encosta e...
abraçámos o mundo...

Foto: oferecida

12/07/06

amor


"... em cada instante da manhã, o céu a deslizar como um rio.
À tarde, o sol como uma certeza.
O amor é feito de claridade e da seiva das rochas.
O amor é feito de mar, de ondas na distância do oceano e de areia eterna.
O amor é feito de tantas coisas opostas e verdadeiras.
Nascem lugares para o amor e, nesses jardins etéreos,
a salvação é a brisa que cai sobre o rosto suavemente:"

(José Luís Peixoto)

O amor é essencialmente liberdade...
(tb)

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